A pena é uma
retribuição do Estado que deve ser a mais equivalente possível ao fato típico
cometido que tem caráter intimidativo e caráter reeducacional.
O Código Penal
(CP) em seu artigo (art.) 68 consagrou o critério trifásico para aplicação da pena,
adotando a teoria de Nelson Hungria, ou seja, a pena será calculada obedecendo
3 fases, mas antes disso deve ser definido o fato típico, que é ação a ser
punida. Nós falaremos aqui especificadamente da parte Penal.
Para a definição do
fato típico nós vamos recorrer ao Código Penal, um exemplo disso é o art 155
que define o um crime contra o patrimônio: o furto, “subtrair para si ou para
outro coisa alheia móvel”, cuja pena é de 1 a 4 anos de reclusão e multa.
Nesse mesmo artigo,
contudo, no parágrafo 4° há o furto qualificado que aumenta a pena de 1 a 4
anos para 2 a 8 anos de reclusão e mantém a multa.
O furto vai se tornar
qualificado quando há:
a) destruição ou
rompimento de um obstáculo para que haja a subtração da coisa;
b) quando ocorre abuso
de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
c) com o emprego de
chave falsa;
d) mediante concurso de
duas pessoas ou mais
Porque eu estou falando
isso? Porque essas circunstâncias que eu citei que vão aumentar a pena para a
prática do furto e transformar o furto de simples para qualificado e não
poderão ser utilizadas nas fases de fixação da pena e assim também será na
aplicação da reincidência que é uma circunstância que sempre agravará a pena
exceto se usada para a qualificação do crime.
Agora nós podemos
analisar as fases do cálculo da pena:
Na primeira fase será
fixada a pena-base considerando para isso as chamadas circunstâncias judiciais
do art. 59, que são chamadas de inominadas, já que não são elencadas
taxativamente na lei, constituindo apenas um parâmetro para o magistrado
que diante das características do caso concreto deverá aplicá-las. São
exemplos dessas circunstâncias a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social, personalidade e os motivos do crime.
Essas circunstâncias
são, como já dito, fundamento para definição da pena base, mas também são
relevantes para escolha do regime inicial da pena e a possibilidade de
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A segunda fase do
cálculo da pena é realizada sobre a pena-base e o juiz deverá aplicar nessa
fase agravantes e atenuantes. As agravantes estão descritas no art. 61 e 62,
enquanto as atenuantes do art 65 e 66. E o montante referente ao
reconhecimento da agravante ou da atenuante fica a critério do juiz não
existindo um índice preestabelecido.
É na segunda fase que
poderá acontecer a aplicação da reincidência, que segundo o art. 61, como já
dito é uma circunstância que sempre agravará a pena, exceto se constituir
qualificadora.
Nos termos do art. 63
do CP "é reincidente aquele que comete novo crime depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por
crime anterior". (trânsito em julgado). Lembrado que para fim de
reconhecimento de reincidência não se consideram crimes militares descritos no
CP Militar e que não encontram descrição semelhante na legislação comum (como
deserção) e crimes políticos. E o fato de que o agente ter sido condenado por
um crime apenas à multa não exclui a reincidência. São exemplos de outras
agravantes também o crime praticado por motivo fútil ou torpe ou contra
ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. E é exemplo de circunstância
atenuante a confissão espontânea perante autoridade.
Na segunda fase é
delimitado um novo quantum para e pena.
Na terceira e última
fase são aplicadas pelo juiz sobre o quantum proveniente da segunda fase as
causas de aumento e diminuição de pena que são previstas na parte geral e
especial do CP e caracterizam-se pela utilização de índices de coma e multiplicação
ou de índices de redução.
Ex: no concurso formal
a pena é aumentada de 1/6 a ½ segundo o art. 70.
Passada as três fases
do cálculo da pena finalmente o juiz vai fixar o regime inicial e conceder ou
não benefícios ao agente.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Sinopses Jurídicas. Direito Penal: Parte Geral. 16. ed, reformulada. São Paulo: Saraiva, 2010.
MIRABETE, Julio Fabbrini,. Manual de direito penal. 24. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2008.
MIRABETE, Julio Fabbrini,. Manual de direito penal. 24. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2008.
GUIMARÃES, Sâmara Rhafaela A de A. Os efeitos da reincidência no cálculo da pena. In: http://utilidadejuridicaonline.blogspot.com.br/2013/02/reincidencia-e-calculo-da-pena.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário